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12/12/2023 04h31 Atualizado 12/12/2023

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O programa de governo?? apresentado durante a campanha eleitoral pelo novo presidente argentino, o ultradireitista Javier Milei, dizia que �n�o tomaremos nenhuma decis�o que?? transfira o custo do ajuste �s v�timas do sistema�. Como costuma acontecer na pol�tica, as promessas de campanha se perdem?? no caminho e, uma vez que o candidato chega ao poder, a realidade se imp�e. A pol�tica de choque que?? Milei anunciou em seu discurso de posse � e que o novo ministro da Economia, Luis Caputo, deve come�ar a?? anunciar hoje � impactar� amplos setores da sociedade argentina, entre eles a classe m�dia e os mais humildes, servidores p�blicos,?? fornecedores do Estado, empresas de obras p�blicas, governos provinciais e universidades estatais, entre muitos outros.

Perfil: Saiba quem � Karina Milei,?? irm� de presidente argentino nomeada secret�ria de governo ap�s mudan�a em lei de nepotismoVeja: Presen�a de Bolsonaro na posse de?? Milei incomodou chefes de Estado sul-americanos

V�rios pa�ses da Am�rica Latina passaram por situa��es similares nas �ltimas d�cadas, e um dos?? exemplos que t�m sido citados pela imprensa � o do chamado �fujichoque�, o plano implementado pelo ent�o presidente peruano Alberto?? Fujimori (1990-2000), poucos dias depois de assumir o poder � e cerca de dois anos antes de dissolver o Parlamento.?? A grande diferen�a entre Milei e Fujimori � que o peruano passou a campanha inteira criticando os que defendiam um?? ajuste fiscal. J� o novo presidente argentino avisou, com luxo de detalhes, o que faria se fosse eleito. A d�vida,?? agora, � se a sociedade argentina vai tolerar o tamanho do ajuste.

� Milei explicou que dever� corrigir os pre�os relativos?? da economia, o tipo de c�mbio e as tarifas de servi�os p�blicos. Isso afetar� a todos porque implicar� uma acelera��o?? tempor�ria da infla��o � explica o consultor Ignacio Labaqui, professor da Universidade Cat�lica Argentina (UCA).

De acordo com Carlos Fara, diretor?? da Fara e Associados, os mais afetados pelo ajuste do novo governo ser�o �fornecedores do Estado, empresas de obras p�blicas?? e seus trabalhadores, governos provinciais e municipais, e toda a rede que est� por tr�s deles. Tudo isso pode ser?? cortado sem passar pelo Parlamento�.

Entenda: Milei usa economia como arma contra inimigos m�veis internos, em estrat�gia similar ao populismo kirchnerista

O?? �no hay plata� (n�o tem dinheiro, em tradu��o livre) do novo presidente argentino vai afetar, tamb�m, a cultura em geral,?? incluindo o financiamento de filmes, e programas destinados �s mulheres e movimentos LGBT, entre outros.

Embora o pacote fiscal tenha ficado?? para hoje, ontem, o novo governo j� iniciou mudan�as em rela��o ao c�mbio: quem quiser comprar o d�lar na taxa?? oficial precisar�, a partir de agora, de uma autoriza��o pr�via do Banco Central. Na pr�tica, � uma esp�cie de �feriado?? cambial�, segundo jornais argentinos. Importadores s�o diretamente afetados, pois usam o d�lar oficial para as transa��es internacionais. Cidad�os comuns que?? usam o cart�o de cr�dito para uma compra internacional, por exemplo, tamb�m s�o afetados.

A seguir, as principais v�timas do ajuste?? fiscal de Milei:

Classe m�dia e setores mais humildes

Uma parte do ajuste que ser� aplicado pelo novo governo est� relacionada �?? libera��o de pre�os e elimina��o de tarifas de servi�os p�blicos. Isso implicar�, em janeiro e abril, fortes aumentos nas contas?? de g�s, eletricidade e transporte p�blico, entre outras. Programas como o chamado �pre�os cuidados�, usados para controlar as remarca��es de?? pre�os, sobretudo em alimentos e bebidas, ser�o eliminados. Os argentinos, que sofrem aumentos semanais em suas compras nos supermercados, sentir�o?? uma escalada de pre�os muito mais expressiva. A libera��o tamb�m incluir� os combust�veis, que nas �ltimas semanas sofreram reajuste, em?? m�dia, de 40%. O tarifa�o ser� sem anestesia, como disse Milei no discurso de posse: �Para fazer algo gradual �?? preciso ter financiamento, mas lamentavelmente devo dizer, de novo, que n�o temos dinheiro�. O pa�s deve fechar o ano com?? infla��o de at� 180%, e a taxa deve subir com for�a nos primeiros meses de 2024.

Come�o do ajuste: Em primeiro?? decreto como presidente, Milei reduz n�mero de minist�rios pela metade

Obras p�blicas

Nas �ltimas semanas, recursos para obras p�blicas no interior come�aram?? a ser cortados j� pelo governo Fern�ndez. O novo governo deixou claro que ser�o continuadas apenas as obras que contarem?? com financiamento externo. A paralisa��o afetar� milhares de oper�rios.

Recursos para prov�ncias

Segundo antecipou a m�dia local, Milei vai reduzir drasticamente as?? remessas de recursos a governos provinciais, que usam o dinheiro enviado pelo Estado para financiar despesas em sa�de, educa��o e?? seguran�a, entre outros. Muitos governadores j� expressaram preocupa��o em rela��o aos pr�ximos meses, e alertaram sobre o risco de uma?? crise fiscal de consequ�ncias graves.

Articula��es: Posse de Milei transforma Buenos Aires em capital da extrema direita internacional

Universidade p�blicas

A Argentina tem?? 55 universidades estatais, que dependem de recursos do Estado e das prov�ncias para manterakamon ludijogosestrutura e pagar sal�rios. A?? Universidade Nacional de Buenos Aires (UBA) � a mais importante, com mais de 300 mil alunos e cada vez mais?? estudantes estrangeiros. O or�amento das universidades, como muitos outros, dever� ser congelado. O governo vai rever os conv�nios com todas?? as universidades do pa�s.

Aposentados

Segundo dados oficiais, a Argentina tem quase 7,5 milh�es de aposentados, entre 44 milh�es de habitantes. O?? novo governo prometeu n�o congelar aposentadorias, mas estuda uma f�rmula de reajuste diferente, que vai significar, segundo economistas, a perda?? de poder aquisitivo dos aposentados pela infla��o em alta.

Veja os detalhes: Javier Milei j� tem seu plano de choque pronto?? para o pa�s

Servidores p�blicos e estrutura do Estado

Na primeira reuni�o de Gabinete, ontem, foi decidido realizar um invent�rio geral dos?? recursos f�sicos, estruturais e dos servidores do Estado. O governo vai revisar as contrata��es dos minist�rios e exigir trabalho presencial?? a todos os servidores. Segundo informou o porta-voz, Manuel Adorni, todos os �contratados militantes� de governos anteriores ser�o afastados. A?? Argentina tem, segundo dados oficiais, 3,5 milh�es de servidores no Estado nacional e prov�ncias.

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Mulheres e pol�tica de g�nero

O governo do ent�o presidente Alberto Fern�ndez?? criou, em 2023, o Minist�rio das Mulheres, G�nero e Diversidade, eliminado por Milei. Cerca de 90% do or�amento da pasta?? estavam destinados ao Programa de Formula��o de Pol�ticas contra a Viol�ncia por Motivos de G�nero, que foi extinto.

Cultura

O governo de?? Milei ainda n�o informou como tratar� o financiamento � cultura em geral, mas na campanha o ent�o candidato presidencial disse?? que eliminaria, entre outros organismos, o Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais (Incaa). Este ano, o governo Fern�ndez elevou?? o teto de subs�dios a filmes nacionais, de 56% para 63% do custo m�dio de produ��o para longas-metragens, e de?? 28% para 31,50% para document�rios. A expectativa entre representantes da cultura � de um or�amento baix�ssimo, ou nulo, para cinema,?? teatro, e todo tipo de produ��es culturais.

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