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Por Beatriz Herminio, com edi��o de Luiza Monteiro

14/12/2023 11h23 Atualizado 14/12/2023

�Sempre que eu ficava agitada ou?? no sol aparecia uma mancha vermelha no meu rosto�, recorda Andressa Cordeiro, hoje com 24 anos. Aos 10 anos de?? idade, ela foi diagnosticada com um hemangioma cavernoso na face. Embora benigno, esse tumor causou sequelas graves para ela.

A evolu��o?? a levou a perder o olho direito, al�m de parte do l�bio e do nariz. No �ltimo dia 27 de?? agosto, uma equipe de especialistas se reuniu no Hospital Universit�rio Cajuru, em Curitiba, para remover o tumor em uma cirurgia?? que durou 18 horas, dividida em v�rias etapas.

A equipe m�dica optou pela interfer�ncia cir�rgica ap�s mais de uma d�cada de?? acompanhamento do caso de Andressa. �Foi s� quando fizeram um exame de vista na escola que fui encaminhada a um?? oftalmologista. Ele pediu um exame de resson�ncia magn�tica e me encaminhou para Curitiba�, relata a jovem, que vivia em Luiziana,?? no interior do Paran�.

Devido a hemorragias, Andressa teve que deixar a escola. Ela conta que odiava tirar

s e sair?? em p�blico, al�m da dificuldade de viver em hospitais e do medo de morrer por complica��es. �Me afastei de todos?? os meus amigos e tinha vergonha de mim mesma. N�o foi f�cil lidar com os olhares das pessoas e foi?? muito dif�cil viver em fun��o de tudo isso", lembra ela, em entrevista por e-mail a GALILEU.

O que � hemangioma cavernoso?

O?? hemangioma � uma patologia cong�nita, o que significa que a pessoa nasce com ele. N�o � uma condi��o transmiss�vel, e?? sim decorrente de altera��es na forma��o do embri�o. Ele ocorre em raz�o do crescimento anormal de vasos sangu�neos em determinada?? regi�o do corpo, sendo classificado como um tumor vascular benigno.

O tamanho do hemangioma pode variar � alguns indiv�duos o apresentam?? somente no l�bio, no nariz ou na orelha; outros, na face toda. No caso de Andressa, o tumor se desenvolveu?? por toda a metade direita de seu rosto.

E h� diferentes tipos de hemangioma: ele pode ser capilar (ou superficial) e/ou?? cavernoso (ou profundo). O capilar � aquele que se desenvolve nas camadas externas da pele; j� o cavernoso � caso?? de Andressa � se manifesta nas camadas mais profundas e tem um aspecto inchado, com colora��o azulada ou arroxeada.

� comum?? que crian�as com essa condi��o na face desenvolvam aumento dos l�bios e apresentem uma mancha que se expande em momentos?? de agita��o, como no choro. Isso ocorre porque as veias, finas e altamente distens�veis, incham com o aumento da press�o.

�Tem?? crian�as que, usualmente, quando choram, a m�e v� uma bola azul que cresce e desincha. Isso s�o malforma��es venosas chamadas?? hemangiomas�, explica a GALILEU Gelson Luis Koppe, neurorradiologista intervencionista que acompanha Andressa desde o in�cio. Em alguns casos, essas veias?? podem aumentar ao longo dos anos, deformando o rosto.

O maior risco envolvido nessa condi��o � a morte decorrente de um?? choque hipovol�mico, quando h� um problema no bombeamento de sangue do cora��o devido � diminui��o do volume sangu�neo em casos?? de hemorragia. Aconteceu com Andressa.

�Ela chegou para a gente h� v�rios anos por um sangramento oral�, relata Koppe. Na �poca,?? ela esteve sob risco de morte. �De l� para c�, a gente vem minimizando esses sangramentos, tentando fechar algumas veias?? para que ela n�o venha a ter novas hemorragias.�

Da� a import�ncia de se consultar um especialista logo que aparecem os?? primeiros sintomas, como refor�a Koppe. At� os 7 anos, � comum que os m�dicos optem por n�o interferir com tratamentos.?? Nessa idade, as crian�as passam pela primeira fase hormonal e um grande n�mero de �vasos an�malos� pode sumir naturalmente.

Quando isso?? n�o acontece, a tend�ncia � que o hemangioma cres�a e perdure para o resto da vida. Em mulheres, a fase?? hormonal da adolesc�ncia pode, inclusive, provocar o crescimento do hemangioma, como no caso da jovem do Paran�. �N�o tinha outra?? op��o [al�m da cirurgia], porque a doen�a poderia evoluir e ela falecer por sangramento, sem poder fazer nada.�

A cirurgia

Durante os?? anos de acompanhamento de Andressa, antes da cirurgia, foram feitos tratamentos para evitar sangramentos maiores, fechando as veias doentes. Contudo,?? a prolifera��o do hemangioma e o aumento da malforma��o no decorrer do tempo passaram a representar um grande risco para?? ela.

�Quanto maior a extens�o do hemangioma, dependendo do local, mais dif�cil fica para voc� tratar, ressecar e dar uma condi��o?? anat�mica e est�tica para os pacientes�, afirma Koppe.

A cirurgia realizada na jovem pelo SUS � considerada inovadora pelabet7k apostas esportivasmagnitude.?? �� marcante, neste caso, que a cirurgia reparadora est� reconstruindo a hemiface direita dela, inclusive metade do nariz. Por isso?? que realmente � uma cirurgia grande e realizada totalmente pelo Sistema �nico de Sa�de (SUS)", destaca Koppe.

Enquanto neurorradiologista intervencionista, o?? trabalho de Koppe consistiu em tratar o tumor por cateterismo. O cat�ter � um tubo inserido em um vaso sangu�neo?? com o objetivo de drenar ou injetar fluidos no corpo. Por dentro da veia ou da art�ria, o m�dico faz?? a emboliza��o do hemangioma, interrompendo o fluxo sangu�neo.

�A gente utiliza um tipo de cola que � injetado para ir fechando?? esses vasos por dentro deles. Ent�o, n�s estamos fechando toda aquela rede de art�rias e veias que eram uma das?? causas da evolu��o da doen�a da Andressa�, explica.

Depois de fechados os vasos, forma-se um co�gulo que, se mantido no organismo,?? induz a absor��o e forma��o de novos vasos � provocando o aumento do hemangioma. Por isso, o passo seguinte da?? equipe cir�rgica foi remover esses vasos. Em seguida, deu-se in�cio a reconstru��o da face a partir da cirurgia pl�stica.

A perda?? de pele, m�sculos e nervos fez necess�rio um transplante de tecido para a regi�o do tumor, fazendo um enxerto ali.?? �Optamos por um retalho do m�sculo grande dorsal para garantir a movimenta��o facial e a cobertura cut�nea", explica, em comunicado?? da assessoria de imprensa do hospital, o cirurgi�o pl�stico Alfredo Duarte.

A reconstru��o do l�bio, do olho e do nariz ser�?? feita em procedimentos futuros. �Eu ainda tenho algumas cirurgias pela frente, mas minhas expectativas s�o as melhores. Poder ter uma?? vida um pouco mais normal e sem medo � o que eu mais quero�, declara Andressa.

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